quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

A benção maldição das DLC

Em vários grupos de meus jogos preferidos no Facebook, eu vejo diversas opiniões divididas a respeito do DLC. Enquanto uns amam os DLC, outros acreditam que o conteúdo adicional para download é a grande maldição da industria dos jogos.


Eu particularmente, me encaixo no primeiro time: DLCs são ótimas.

Agora, por que será que tem gente que detesta tanto estes conteúdos adicionais? Além do problema do preço extra que você paga em um produto que, supostamente, deveria estar no jogo, acho que o grande problema é: como você encara o jogo.

Basicamente, quando se trata do assunto DLC, eu vejo os jogadores em dois perfis: os que jogam pela história, historiadores, e os que jogam pela competição, competidores. E em geral, quem joga pela história ama DLC.

Vamos pensar em dois jogos bem diferentes, mas que personificam estes dois perfis: Star Wars Battlefront e Dragon Age Inquisition.

De um lado temos um jogo com uma história profunda, que demora horas para desvendar e conhecer, personagens cativantes com os quais você acaba desenvolvendo uma relação de amor e ódio e uma conclusão épica que na verdade, só será desvendada em um próximo game que nem se sabe quando será lançado.

Do outro, um game rápido, frenético, com tiros, ligh sabers, estratégias, personagens queridos da cultura pop e a possibilidade de horas de diversão com amigos e desconhecidos através da internet. Mas, sem nenhum tipo de background. Nenhum grande pano de fundo. Apenas entre no jogo e mate todo mundo que se mexe do time adversário.

Nos dois casos, as empresas trabalharam para construir um ambiente divertido e atrativo, para manter os jogadores horas entretidos. Por que em um a sigla DLC causa emoção e no outro revolta? Por causa do tipo de conteúdo que será adicionado ao jogo.

O competidor

Em um game como Battlefront, em que o único objetivo é a competição, as empresas precisam torná-lo sempre atrativo para os jogadores. É preciso mantê-los jogando, ou eles irão reclamar que gastaram valores absurdos (em especial aqui no Brasil) em um jogo que não aproveitaram.

Hoje mesmo, dia 18 de fevereiro, li no site Tecmundo que os servidores de Battlefront na versão PC já estão esvaziando. O jogo já não é mais tão interessante para estes jogadores. E se você não tem jogadores nos servidores, o jogo morre e o próximo game parecido que for lançado  provavelmente não terá tantas vendas. E é lógico que a empresa não quer isso.


Qual a melhor forma de manter o jogo vivo? Adicionar conteúdo e nesse caso, conteúdo quer dizer, mais armas, mapas, veículos, armaduras ou qualquer coisa assim. Não há história, não há outro recurso que prenda o jogador, exceto a vontade de vencer.
Então por que a reclamação do lançamento de um DLC neste caso? Porque nem todo mundo tem dinheiro para a todo momento gastar em um jogo que já está pago. Você compra o Battlefront, para PC, por R$ 129. Se eles lançarem um pacote de "armas Jedi" por mais R$ 60, já foram gastos quase R$ 200 em um jogo só. Um grande investimento.  

Mas, se você não quer pagar tudo isso no game, tudo bem. O Pacote de "Armas Jedi" não é obrigatório. Você não compra o pacote e continua jogando. Mas, e se seus adversários compraram? Eles agora tem novas armas, novas estratégias, novas formas de te vencer, e de vez em quando, estão jogando em um mapa ao qual você não tem acesso.

É muito difícil gostar de jogar um game no qual só se perde o tempo todo. Então, ou você compra o pacote ou joga assim mesmo e passa raiva. Você amaldiçoa a indústria tirânica e capitalista dos jogos que não colocou esse pacote para ser comprado com "moedas do jogo", que você adquire com sua habilidade e esforço. Você pega raiva dos DLC, porque ele trouxe desequilíbrio para suas partidas e agora você não é mais tão bom quanto antes. Sua habilidade foi superada por um cara que apenas tem mais dinheiro que você (ou vive em um país onde o preço dos jogos é mais justo).

(Sem falar no monte de coreanos que ficam jogando horas a fio e são simplesmente imbatíveis em jogos online)

Então, se você joga apenas para competir, em jogos como Battlefront, Battlefield, PES ou FIFA e outros que dependem apenas de atualizações para deixar os jogadores mais fortes e competitivos, você provavelmente detesta os DLC.

O historiador

Agora, do outro lado, do lado que eu me encontro, estão os DLC que acrescentam mais conteúdo aos jogos. Vamos pensar no Dragon Age Inquisition: você tem uma história longa, envolvente (pelo menos eu acho), que vem te acompanhando desde 2008, quando foi lançado Dragon Age Origens, passando por Dragon Age 2 de 2011. Saberemos as consequências para o mundo de Thedas das ações de Anders ao destruir o Chantry em Kirkwall. Por que a Cassandra estava atrás do Hawke? E o meu Warden, agora um rei ou herói, será que ele irá reaparecer?

Veremos os personagens queridos novamente, conheceremos novos personagens, "Nossa, o Hawke do DA2 apareceu no trailer". E logo na tela de inicio, quando você aperta "New game"... BBOOOOOOMMMMM.... tudo explode na sua cara.


Você passa mais de 30 horas, vendo aqueles personagens tomando, conhecendo eles, participando de suas alegrias e tristezas, decisões que poderão definir quem vai morrer ou viver , e daí... acabou. Sobem os créditos, a tela escurece, a música vai diminuindo e... "CARALHO... NÃO PODE!! NÃO ACABOU!! EU PRECISO SABER O QUE ACONTECEU DEPOIS!!".

Já tiveram essa sensação? Em um jogo, em um filme ou série? Quantas pessoas ficam malucas ao saber que está para estrear uma nova temporada de Game of Thrones ou Walking Dead? Quantas pessoas não choraram ao saber que "As Relíquias da Morte - Parte 2" era o último filme de Harry Potter? Quanta gente não fica ansiosa ao ver que aquele livro sensacional que está lendo está ficando cada vez mais fininho? Quanta gente não ficou vendo os créditos do final de DAI para saber se tinha mais alguma coisa depois?
Agora, sinceramente, se você pudesse comprar mais umas páginas para aquele livro? Mais uma hora daquele filme (versões estendidas estão ai para isso) ou mais um capitulo daquela série, você não compraria?

Essa é a sensação de comprar um DLC de um jogo que tem uma boa história. É ter mais umas páginas daquele livro maravilhoso. Mais uma capítulo daquela série sensacional.
Elder Scrolls V: Skyrim foi um jogo que eu esperei ansiosamente pelas DLC. Comprei todas no lançamento, inclusive Heartfire. Dragon Age Inquisition também. E ainda irei comprar as de Dragon Age 2. Por que gosto de uma boa história. Por que gosto daqueles personagens. Não me importo com comprar DLC de roupinhas ou arminhas para estes jogos, por que o que importa é a história.

E não, o jogo não está incompleto. A história deles tem começo, meio e fim. Em DAI você está lutando para fechar a Brecha do céu. Ela tem começo, meio e fim. 'DAI: Mandíbulas de Jawn' adiciona uma nova história com aqueles mesmos personagens. 'DAI: A Descida' adiciona outra história. 'DAI: Invasor' adiciona outra. São independentes, embora estejam relacionadas.

Não é como se eles pegassem no meio da história do Coripheus, em DAI, e antes de você ir enfrentá-lo na batalha final, a tela escurecesse e "Esta luta continua no DLC 'A Luta'". Isso sim seria vender um jogo incompleto.

Vender uma DLC que adiciona uma nova história, diferente, mas com os mesmos personagens é como um novo livro daquela franquia que você gosta. Não faz sentido dizer que está incompleto, por que ele te contou uma história do começo ao fim.

Você vai até a casa do Geroge R.R. Martin, bate na porta e diz "Ei, eu comprei o volume 1 e 'As Crônicas do Fogo e Gelo'. Agora você lançou um novo livro, o que significa que aquele que eu comprei está incompleto. Você tem que me dar todos os livros de graça".

Por isso, amiguinhos, gostar ou não de DLCs depende de como e porque você joga. Eu adoro DLCs e compro sempre que possível e sempre que vai adicionar algum conteúdo para a história. 
DLC de arminha e roupinha, eu dispenso (alias, uma das minhas chateações com Tomb Rider e Hitman: Absolution, não ter um DLC que adicionasse conteúdo). 
Mas, se você joga só para competir, seja num FPS ou num jogo de esportes, então é provável que você estará refém desse sistema "Pay-to-Win" para sempre.


Pense bem na hora de escolher seu próximo game.

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