quarta-feira, 20 de junho de 2012

O que Diablos está acontecendo com o mercado de games?


Após 12 anos de espera finalmente a Blizzard anuncia o lançamento de Diablo III oficialmente. O jogo foi lançado no dia 15 de maio de 2012 e em seguida, quebrou o recorde de jogo com maior número de vendas (3,5 milhões) em seu primeiro dia de lançamento. Deste então, em uma semana mais de 6,3 milhões de pessoas ao redor do mundo jogaram a série.

Apesar disso o jogo já chega com uma polêmica: você não joga se você não está online. 






Não há modo off-line em Diablo III, diferente de StarCraft II onde há um modo off-line, mas o grosso do jogo está na experiência online.

Não vou falar aqui sobre o Diablo III. Não joguei nem Diablo I por mais de 30 minutos. Parece ser um jogo muito bom, mas esta novidade de estar obrigatoriamente online, então prefiro jogar um WoW ou qualquer outro MMORPG. É mais barato.

Nos primeiros dias quando os jogadores tentaram acessar os servidores tomavam um erro 34 na cara. Não conseguiam logar pelo servidor lotado. Já houve reclamações de roubo de dinheiro, itens e gente morrendo após três dias jogando seguidos (segundo as autoridades). Os fóruns da Blizzard já estão cheios de tópicos sobre os  preços absurdos de itens na casa de leilão, gente reclamando que a dificuldade do jogo é alta, gente reclamando por que diminuíram a dificuldade do jogo.

Então, tudo isso deveria ser motivo de um jogo afundar, mas não. O jogo vendeu números absurdos. E isso me assusta porque as outras desenvolvedoras de games estão de olho neste jogo e estudando para tornar isso uma tendência.

Todos os seus jogos só poderem ser jogados se você está online.

Mas, às vezes, eu posso não querer estar online. Não querer gente me ajudando (ou atrapalhando) o meu jogo. Só quero jogar e relaxar. Não posso. Tenho que estar na internet.

O maior argumento das produtoras para isso é evitar a pirataria. Evitar o desequilíbrio entre jogadores que jogariam off-line (ou usariam bot) e depois entrariam online para jogar.
Essa questão do online/off-line se resolveria tão facilmente. Por exemplo, um jogador teria que ter dois personagens, um que só ficaria off-line e outro que só usaria online. Se o off-line usou bot esta no level 356, ok. Ele usou bot e ficou assistindo o char se mexendo e batendo sozinho, aquele personagem, itens e qualquer “conquista” adquirida não poderia entrar online e não atrapalharia ninguém. O personagem online se houvesse alguma trapaça seria punido. Se não há trapaça, ele joga online e off-line e está tudo bem.

A pirataria deve ser combatida e até concordo com algumas medidas adotadas, se há um jeito de evitar pirataria é bom usar. Pirataria, por mais que tenha gente que discorde disso, ferra muito a indústria dos games. Entre outras indústrias afetadas pela pirataria.
Uma da forma divertida foi esta proteção criada no jogo Michael Jackson Experience na versão para Nintendo DS. O jogo, se pirateado ao invés das músicas toca barulho de vuvuzelas e o jogo fica travado.




Além da Ubisoft, a Capcom também tem criados sistemas que impedem o uso de jogos usados ou piratas, como por exemplo, não poder apagar o save de outro jogador. Como é o caso de Resident Evil: the Mercenaries 3D também para Nintendo DS.
Vários sistemas estão sendo criados para impedir a pirataria e isso é ótimo, só que a realidade dos jogadores, como aqui no Brasil, é outra.

No Brasil, esta obrigação de ficar online é complicada, já que a internet no Brasil é um das mais caras, lentas e instáveis do mundo. Ou seja, qualquer problema que você tenha na sua internet você não pode jogar seu Diablo III.

Outra novidade, o jogo não é seu. Você comprou, por 90 à 120 reais, apenas uma licença para jogar.


Licença, licença, licença...

Está no contrato de utilização do jogo logo antes de logar. Leia abaixo o primeiro paragrafo:

ESTE SOFTWARE É LICENCIADO, NÃO VENDIDO. AO INSTALAR, COPIAR OU DE ALGUMA FORMA USAR O JOGO (CONFORME DEFINIDO ABAIXO), VOCÊ CONCORDA EM VINCULAR-SE A ESTE CONTRATO. SE VOCÊ NÃO CONCORDAR COM OS TERMOS DESTE CONTRATO, NÃO LHE SERÁ PERMITIDO INSTALAR, COPIAR NEM USAR O JOGO. SE REJEITAR OS TERMOS DESTE CONTRATO DENTRO DE TRINTA (30) DIAS APÓS A COMPRA DO JOGO, VOCÊ PODERÁ ENTRAR EM CONTATO COM A BLIZZARD POR EMAIL ATRAVÉS DA PÁGINA WOWBILLINGSUPPORTEU@BLIZZARD.COM PARA SOLICITAR O REEMBOLSO INTEGRAL DO VALOR DA COMPRA.

Você não pode modificar, crackear ou fazer nada com o jogo que você instalou no seu PC por que ele não é seu. E esta semana já foi anunciado que a Blizzard começará a aplicar punições em jogadores que crackearam o jogo.

O jogo não é meu, meu provedor de internet só tem a obrigação de me fornecer 10% do que contratei e pode cair a qualquer momento, mas, para jogar eu tenho que estar conectado, não posso modificar o jogo, pois serei banido e não poderei reaver o dinheiro que paguei, não foi visto nenhuma grande vantagem no jogo estando online, não há segurança 100% garantida nos meus dados pela rede (lembrando o ataque a PSN, embora tenha sido divulgado que não houve utilização destes dados), jogos sem mídia física não podem ser vendido ou emprestados e esqueci de alguma coisa?

Não estão pensando só em impedir a pirataria, mas em forçar o jogador a gastar um dinheiro que às vezes não pode com jogos. Não posso vender meu jogo usado se já cansei dele, não posso pegar emprestado com um amigo que tem aquele titulo bacana, o jogo vem incompleto ou com alguns bugs para que daqui a um mês ou dois tenha que comprar um DLC (Downloadable Content) que irá incrementar o jogo ou corrigir estes erros (neste ponto, palmas para a Bethesda que tem lançado diversas correções e atualizações para TES V:Skyrim . Este eu comprei com gosto e vou comprar Dawnguard com gosto também).
E tudo isso pode ser a próxima geração de vídeo games. Um Playstation 4 poderá não rodar DVD ou Bluray, e sim só permitir compras de jogos pela PSN, mas, a PSN só aceita cartão internacional? E aí? Como eu, Doido, brasileiro, cidadão contribuinte compro meus jogos? Será que isso não afastará os jogadores casuais?

Talvez Diablo se torne um caso isolado nos games, ou pelo menos, as outras produtoras não sigam por esse caminho “diablolico” que a Blizzard resolveu. Mas, a realidade dos games e consoles da próxima geração já está sendo desenhada, com vários exemplos a serem (ou não) seguidos.

Temos uma Bethesda corrigindo bugs a todo o momento, lançando melhorias e fazendo valer o dinheiro que você pagou pelo jogo que mereceu o titulo de “Melhor game de 2011”.

A Nintendo está voltada para um público mais familiar, com jogos mais infantis e coloridos, usando o WIIMote e agora o WiiU. É um público grande e até o momento a formula tem dado certo.

E a Blizzard te obrigando a estar online no jogo, problemas com acesso nos servers, jogadores reclamando de itens perdidos, dificuldade e etc. É provável que saia uam versão off-line de Diablo III já que está havendo muita cobrança disso. É impossível a produtora não estar estudando essa possibilidade.

O que acontecerá daqui para frente só o tempo irá dizer.


2 comentários:

  1. CARALHO DOIDO. VOCÊ É FODA.

    Fez a análise mais bonita da cidade <3

    Eu, como jogadora casual de jogos escrotos pra se jogar depois da macarronada do domingo, já me sinto prejudicada. Qndo comentaram comigo que um dia não poderiamos mais vender e trocar nossos jogos, fiquei desesperada. "Ok. Então se eu comprei um jogo e odiei, e alguém comprou um jogo e odiou, mas por alguma maravilha do mundo o jogo que eu odiei é algo que ela quer muito e o jogo que ela odiou é algo que eu quero muito a gente vai ter que ficar com aquilo entulhado PRA SEMPRE?".

    E... MANO? GENTE MORRENDO? Ah, deuses.

    Sério... 2012 tá afetando, gente.

    Parabéns pelo post! o/~

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  2. Muito bom o post, Doido.

    Mas acredito que a maior intenção da Blizzard não seja só "impedir" a pirataria, mas impedir o hack em computadores pessoais e tentar aproximar os jogadores, pois você pode jogar em partidas compartilhadas com seus amigos de qualquer lugar do mundo ou até mesmo numa partida com pessoas desconhecidas. Além disso, há os chamados "achievements" ou "conquistas" que os jogadores vão pegando ao longo do jogo e que ficam expostos a todo mundo. Sinceramente, eu acho que esse é o maior diferencial dos jogos da Blizz.

    No começo o Diablo III deu muito pau SIM, afinal, eram MILHÕES e MILHÕES de pessoas acessando ao mesmo tempo, é claro que os servidores iriam cair. Mas em questão de solução de problemas nos jogos, não tem empresa melhor que a Blizzard. E isso eu digo de boca cheia <3

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